Os primeiros escravos trazidos da costa de África desembarcaram na cidade
de Lagos, no Algarve, no século XV (1444). O cronista Gomes Eanes de Zurara
relata, de forma comovente, na sua «Crónica da Guiné», a chegada dos cativos a
Portugal. Muitos dos escravos gemiam, choravam ou lamentavam-se numa espécie de
canto. O momento mais dramático sucedeu quando se procedeu à divisão dos
escravos: as mulheres foram separadas dos maridos, os filhos do...s pais, os
irmãos dos irmãos, no meio de enormes gritos de dor.
“Uns tinham as caras baixas e os rostos lavados com lágrimas, olhando uns contra os outros, outros estavam gemendo mui dolorosamente, outros feriam seu rosto com suas palmas, lançando-se tendidos no meio do chão, outros faziam suas lamentações em maneira de canto, segundo o costume da sua terra, nas quais, posto que as palavras de linguagem os nossos não pudessem ser entendidas, bem correspondiam ao grau da sua tristeza (…). Tanto que os tinham posto em uma parte, os filhos que viam os pais na outra, alevantavam-se rijamente e iam-se para eles, as mães apertavam os mais pequenos nos braços (…) por não lhes serem tirados.”
“Uns tinham as caras baixas e os rostos lavados com lágrimas, olhando uns contra os outros, outros estavam gemendo mui dolorosamente, outros feriam seu rosto com suas palmas, lançando-se tendidos no meio do chão, outros faziam suas lamentações em maneira de canto, segundo o costume da sua terra, nas quais, posto que as palavras de linguagem os nossos não pudessem ser entendidas, bem correspondiam ao grau da sua tristeza (…). Tanto que os tinham posto em uma parte, os filhos que viam os pais na outra, alevantavam-se rijamente e iam-se para eles, as mães apertavam os mais pequenos nos braços (…) por não lhes serem tirados.”
Gomes
Eanes de Zurara, «Crónica da Guiné».
In: Associação dos professores de história
In: Associação dos professores de história
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