Há 124 anos…
No dia 11 de janeiro
de 1890, a Grã-Bretanha enviou um ultimato a Portugal. O ultimato exigia a
retirada imediata das forças militares portuguesas dos territórios entre Angola
e Moçambique.
A 11 de janeiro de 1890 o governo britânico de Lord Salisbury
enviou ao governo português um ultimato,
na forma de "Memorando", exigindo a retirada das forças militares
portuguesas chefiadas pelo major Serpa Pinto
do território compreendido entre as colónias de Angola e Moçambique (nos atuais Zimbabwe e Zâmbia), zona reivindicada por Portugal ao abrigo
do Mapa Cor-de-Rosa.
A pronta cedência portuguesa às exigências britânicas
foi vista como uma humilhação nacional por amplas franjas da população e das
elites, iniciando-se um profundo movimento de descontentamento em relação ao
novo rei de Portugal, D. Carlos, à
família real e à instituição da monarquia, vistos como responsáveis pelo
alegado processo de decadência nacional. A situação agravou-se com a
severa crise financeira ocorrida entre 1890-1891, quando as remessas dos emigrantes no Brasil caíram 80% com a chamada crise do encilhamento
na sequência da proclamação
da república no Brasil
dois meses antes, acontecimento que era seguido com apreensão pelo governo
monárquico e com júbilo pelos
defensores da república em Portugal.
Os republicanos souberam capitalizar este
descontentamento, iniciando um crescimento e alargamento da sua base social de
apoio que acabaria por culminar no derrube do regime.
Em 14 de Janeiro o governo progressista
caiu e o líder regenerador António de Serpa
Pimentel foi nomeado para formar novo governo.
Os progressistas passaram então a atacar o rei D.
Carlos, votando em candidatos republicanos nas eleições de março desse ano,
contestando o acordo colonial então assinado com os britânicos.
Alimentando um ambiente de quase insurreição, a 23 de março de 1890, António José de
Almeida, na época estudante da Universidade de
Coimbra e, mais tarde, Presidente da República, publicou um artigo com o
título "Bragança, o último", que seria considerado calunioso
para o rei e o levaria à prisão.
A 1 de abril de 1890, o velho explorador Silva Porto
imolou-se envolto numa bandeira portuguesa no Kuito,
em Angola, após negociações falhadas com os locais,
sob ordens de Paiva Couceiro, o
que atribuiu ao ultimatum. A morte do que fora um dos rostos da
exploração interior africana gerou uma onda de comoção nacional e o seu funeral foi seguido por uma
multidão no Porto.
A 11 de abril foi posto à
venda o Finis Patriae de Guerra Junqueiro, ridicularizando a figura do rei.
Na cidade do Porto,
no dia 31 de janeiro de 1891,
registou-se um levantamento militar contra a monarquia constituído
principalmente por sargentos e praças.
Os revoltosos, que tinham como hino uma canção de
cariz patriótico composta em reação ao ultimato britânico, "A Portuguesa", tomaram
os Paços do Concelho,
de cuja varanda, o jornalista e político republicano Augusto Manuel
Alves da Veiga proclamou a implantação da república em Portugal e
hasteou uma bandeira vermelha e verde, pertencente ao Centro Democrático
Federal. O movimento foi, pouco depois, sufocado por um destacamento da guarda
municipal que se manteve fiel ao governo, resultando 12 mortos e 40 feridos. Os
revoltosos capturados foram julgados, tendo 250 sido condenados a penas entre
os 18 meses e os 15 anos de degredo em África. "A Portuguesa" foi
proibida.
Embora tendo fracassado, a revolta de 31 de janeiro de
1891 foi a primeira grande ameaça sentida pelo regime monárquico e um prenúncio
do que viria a suceder quase duas décadas mais tarde.
Ver mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ultimato_brit.1890
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