A Ordem de Malta (oficialmente
Ordem Soberana e Militar Hospitalária
de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta) é uma organização internacional
católica que começou
como uma ordem Beneditina fundada no século XI
na Terra Santa, durante as Cruzadas,
mas que rapidamente se tornaria numa ordem militar
cristã, numa
congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os peregrinos
àquela terra.
Face às derrotas e consequente
perda pelos cruzados dos territórios na Palestina,
a ordem passou a operar a partir da ilha de Rodes,
onde era soberana, e mais tarde desde Malta,
como estado vassalo do Reino da Sicília.
Atualmente,
a Ordem de Malta é uma organização humanitária soberana internacional, reconhecida como entidade de
direito internacional. A ordem dirige hospitais e centros de reabilitação.
Possui 12.500 membros, 80.000 voluntários permanentes e 20.000 profissionais da
saúde associados, incluindo médicos, enfermeiros, auxiliares e paramédicos. O seu objetivo é auxiliar os idosos, os
deficientes, os refugiados, as crianças, os sem-teto e aqueles com doença
terminal e hanseníase,
atuando em cinco continentes do mundo, sem distinção de raça ou religião.
Nome
e insígnia
O nome completo oficial é Ordem
Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta,
ou Sovrano Militare Ordine Ospedaliero di San Giovanni di Gerusalemme di
Rodi e di Malta (em italiano).
Convencionalmente, é também conhecida como Ordem de Malta. A ordem tem
um grande número de conventos e associações locais ao redor do mundo, mas
também existe um certo número de organizações com semelhantes nomes sonantes
que não estão relacionados, incluindo diversas ordens que procuram capitalizar
sobre o nome.
Na heráldica
eclesiástica
da Igreja Católica Romana, a Ordem de Malta é uma das duas únicas (sendo a
outra a Ordem do Santo
Sepulcro),
cuja insígnia pode ser exibida em um brasão de armas clerical (Leigos não têm
nenhuma restrição).
Por
volta de 1099, alguns mercadores de Amalfi
fundaram em Jerusalém, sob a regra de S. Bento e com a indicação de Santa Maria Latina, uma casa religiosa para
recolha de peregrinos. Anos mais tarde construíram
junto dela um hospital que recebeu, de Godofredo de Bulhão, doações que lhe asseguraram
a existência, desligou-se da igreja de Santa Maria e passou-se a formar
congregação especial, sob o nome de São João Baptista.
Em
1113, o Papa
nomeou-a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o
francês Raimundo de Puy, nomeado grão-mestre,
acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.
Assim é a origem da Ordem
dos Hospitalários ou de São João de Jerusalém, designada por Ordem
de Malta a partir de 1530, quando se estabeleceu na
ilha do mesmo nome, doada por Carlos V do Sacro
Império Romano-Germânico.
Ordem de aristocratas, nunca
teve entre os seus cavaleiros pessoas que não pertencessem à fidalguia.
O hábito regular consistia numa túnica e num grande manto negro, no qual
traziam, pregada no lado esquerdo, uma cruz de ouro,
com esmalte branco.
Os hospitalários tomaram parte
nas Cruzadas
e tinham seu hospital em Jerusalém.
Mesmo depois do fim das Cruzadas, a ordem continuou. A ordem enfrentou o Império Otomano em diversas batalhas, como a Batalha de Lepanto e o Cerco de Rodes.
A ordem na península Ibérica
De
início, na península Ibérica, havia uma só sede
(língua), a de Aragão,
que englobava os reinos de Portugal,
Leão, Navarra,
Aragão e Castela. Em Portugal, entre
os bens da ordem, tinha especial importância o priorado do Crato.
Os
reis viram, receosos, crescer o poder dos senhores do Crato,
que se acentuou mais com a rebelião de Nuno Gonçalves
contra a regência do infante D. Pedro (1392-1449).
João III de Portugal, por morte do conde de Arouca,
doou o priorado a um membro da família real, o infante D. Luís, em 1528,
que se intitulou grão-prior. Então o rei, com vista a futuros protestos,
consegue do papa Júlio III a bula pontifícia
de 1551,
que Dom António, filho natural do
infante, fosse nomeado sucessor do pai. Maria I consegue do Papa a
independência do grão-mestrado de Malta e, poucos anos depois, o mesmo Papa
decretou por bula em 1793
que, assim como pelo lado temporal o grão-priorado de Portugal ficaria isento
de qualquer interferência de Malta, também pelo lado espiritual dependeria
apenas da Santa Sé. Assim, Pedro IV de Portugal e Miguel I foram grãos-priores
do Crato. A ordem foi extinta em 1834
e os bens incorporados na Fazenda Pública.
O
braço protestante da ordem
A
Ordem de São João chegou à Alemanha
durante os séculos XII e XIII,
onde fundou um grão-priorado. Em 1530,
uma secção do grão-priorado, a Bailia de Brandenburgo, aderiu à Reforma Protestante, sob a proteção dos
margraves de Brandenburgo, que se tornariam reis da Prússia. A bailia manteve
relações amigáveis com a Ordem Soberana de Malta. Em 1811,
a Bailia de Brandenburgo foi suprimida pelo príncipe da Prússia, que
posteriormente fundou a Ordem Real Prussiana de São João como uma Ordem de Mérito.
Em
1918,
após a queda da monarquia, ela foi separada do Estado e recuperou sua
independência. A Johanitter Orden está presente em diversos países
europeus, além da América
(Canadá,
Estados Unidos, Colômbia,
e Venezuela)
e África do Sul trabalhando em
especial na Alemanha mantendo hospitais e asilos, e é responsável por um
importante serviço de ambulância - o Johanniter Unfallhilfe. Ela tem
afiliações independentes nos Países Baixos,
Suécia,
Finlândia,
França,
Hungria,
e Suíça.
Queda
de Malta
A
possessão mediterrânica de Malta
foi capturada por Napoleão em 1798
durante a sua expedição para o Egipto.
Este teria pedido aos cavaleiros um porto-salvo para reabastecer os seus navios
e, uma vez em segurança em Valetta,
virou-se contra os anfitriões. O grão-mestre Ferdinand von Hompesch,
apanhado de surpresa, não soube antecipar ou precaver-se deste ataque,
rapidamente capitulando para Napoleão. Este sucedido representou uma afronta
para os restantes cavaleiros que se predispunham a defender a sua possessão e
soberania.
A
ordem continuou a existir, compactuando com os governos por uma retoma de
poder. O imperador da Rússia doou-lhes o maior
abrigo de Cavaleiros Hospitalários em São Petersburgo,
o que marcou o início da tradição russa dos
Cavaleiros do Hospital e posterior reconhecimento pelas
Ordens Imperiais Russas. Em agradecimento, os cavaleiros depuseram Ferdinand
von Hompesch e elegeram o imperador Paulo I como grão-mestre
que, após o seu assassinato em 1801,
seria sucedido por Giovanni Battista Tommasi
em Roma,
restaurando o Catolicismo Romano na ordem.
No
início da década de 1800, a ordem
encontrava-se severamente enfraquecida pela perda de priores em toda a Europa.
Apenas 10% dos lucros chegavam das fontes tradicionais na Europa, sendo os
restantes 90% provindos do Priorado Russo
até 1810,
facto cuja responsabilidade é parcialmente atribuída pelo governo da ordem, que
era composta por tenentes,
e não por grão-mestres entre 1805
e 1879,
até o Papa Leão XIII restaurar um
grão-mestre na ordem, Giovanni a Santa
Croce. Esta medida representou uma
reviravolta no destino da ordem, que se tornaria uma organização humanitária
e cerimonial. Em 1834,
a ordem, reactivada, estabeleceu nova sede em Roma
e foi, a partir daí, designada como Ordem Militar Soberana de Malta.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_Soberana_e_Militar_de_Malta
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