Na Guiné-Conacri entrou-se na época de exames e os
estudantes agrupam-se todas as noites à volta do aeroporto por este ser um dos únicos
sítios onde podem contar com luz artificial.
Este país, antiga colónia francesa,
conquistou o lugar número 160 no ranking dos países desenvolvidos feito pelas
Nações Unidas. Este estudo avaliou 177 países.
Só certa de um quinto dos 10 milhões de habitantes da Guiné-Conacri têm acesso
à eletricidade e mesmo esses sofrem com os cortes de eletricidade frequentes.
Segundo dados das Nações Unidas em média um Guineense consome 89 kilowatts por
hora ao ano. Isto é o equivalente a ter um ar condicionado ligado durante 4
minutos por dia. O americano médio consome cerca de 158 vezes esta quantidade.
Assim sendo, grupos de estudantes começam a chegar ao aeroporto ao final da tarde de forma a reservarem para si os lugares que ficam diretamente debaixo de um dos doze postes de iluminação do parque de estacionamento. Alguns destes estudantes caminham mais de uma hora para chegar a este local.
Assim sendo, grupos de estudantes começam a chegar ao aeroporto ao final da tarde de forma a reservarem para si os lugares que ficam diretamente debaixo de um dos doze postes de iluminação do parque de estacionamento. Alguns destes estudantes caminham mais de uma hora para chegar a este local.
Os locais são definidos por idade. Os alunos dos sete aos nove
anos de idade sentam-se num dos separadores de trânsito enquanto que os
adolescentes se sentam nos pilares de cimento que ladeiam os passeios à volta do
aeroporto. As raparigas têm de ser acompanhadas por um irmão mais velho ou
algum homem do sexo masculino de confiança. Mesmo as crianças de tenra idade
são autorizadas a estar na rua até largas horas da madrugada. Aqueles que moram
mais longe procuram luz nas bombas de gasolina outros no exterior das casas de famílias
abastadas. Estes alunos consideram-se, ainda assim, uns sortudos.
Ali Mara, dez anos, estudava o diagrama do corpo de um insecto e
disse: "Os meus pais não se preocupam comigo porque sabem que estou aqui à
procura do meu futuro."
Esta falta de eletricidade é um escândalo geológico segundo
Michael McGovern, antropologista politico da universidade de Yale. Os rios do
país, se devidamente aproveitados, chegariam param eletrificar a região. Este
país tem ainda ouro, diamantes ferro e metade da reserva mundial de bauxite, o
material base para a fabricação de alumínio.
Há já 23 anos que esta ex-colónia francesa está nas mãos de
Lansana Conté, um general conservador e temperamental que chegou à presidencial
num golpe de estado em 1984. Ainda este ano várias manifestações a pedir a sua
renúncia ao cargo tiveram lugar mas o governo declarou a lei marcial mesmo
sabendo que a saúde do general é preocupante e a economia cada vez mais vive
uma crise grave.
Noticia original no site do jornal Inglês Guardian
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